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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sábado, 25 de setembro de 2010

Newsletter no. 30/2010: Sem complexo de avestruz

Você poderia citar algumas das coisas mais desagradáveis, do ponto de vista burocrático, no cotidiano de um professor? Bem, eu citaria três, não necessariamente nesta ordem:
1.   Solicitação de revisão de prova por um grande número de alunos;
2.   alto índice de evasão na sua disciplina eletiva;
3.   cancelamento de sua eletiva por número insuficiente de alunos inscritos.  
O primeiro caso é desagradável, principalmente, pelas emoções que se afloram de ambos os lados. Como resolver o problema? Eu diria que podemos economizar tempo e paciência instituindo, sistematicamente, uma espécie de “dia oficial da correção coletiva da prova”. Ou seja, no exato dia em que as avaliações fossem entregues, de posse de sua prova, o aluno acompanharia a resolução das questões, igualmente ele fez com as provas de seu vestibular.
Mesmo aquelas do tipo “fale ou dê sua opinião” poderiam ser resolvidas coletivamente, servindo até como revisão e fixação do conteúdo estudado. Insisto na palavra coletivamente, porque, de outra forma, demandaria esforço enorme e desnecessário. Para perguntas muito subjetivas, o professor diria quais os elementos que teriam que constar de uma resposta aceitável e completa.
Uma das vantagens da resposta coletiva no dia da entrega da prova é que, além de “acalmar as emoções”, o professor ganha uma aliada contra os “injustiçados de plantão”: aquele aluno que não frequentou as aulas ou que não estudou o suficiente pensará duas vezes antes de exigir o que a sala inteira é testemunha de que ele não merece.
E por falar em avaliação, que tal um simulado de vez em quando para o aluno “medir a força”? - o professor também não precisaria corrigir individualmente. O simulado é vantajoso, porque o aluno toma conhecimento do estilo do professor antes do “pra valer”, principalmente, em turmas iniciantes na universidade ou naquele conteúdo.   
Quanto ao alto índice de evasão numa eletiva, por que o aluno se evade de algo que ele próprio escolheu? Uma das causas é a diferença de expectativa entre quem criou a disciplina e quem pretende cursa-la. Pode acontecer de o aluno fantasiar acerca da proposta, ou o professor não perceber a necessidade de uma transposição didática mais direcionada àquela clientela específica. Como conciliar?
A Profa. Cecília Alves encontrou uma solução: antes do início da disciplina, ela reúne todos os alunos matriculados e apresenta a sua proposta. Isso é útil, principalmente se o nome da disciplina não for tão “tradicional” ou se a eletiva corre o risco de “despertar a fantasia” do aluno, por exemplo, na semelhança com determinados filmes policiais da televisão. Quando o professor assim o faz, ele dá a chance de o aluno se comprometer ou desistir da disciplina ainda no período de modificação da matrícula; como também há a possibilidade de “ajuste”, conforme o que foi ouvido, se possível - não é porque as visões foram divergentes no início que elas têm, necessariamente, de continuar como estão.
Quanto à ocorrência de um grande número de cancelamentos de eletivas por insuficiente número de inscritos, isso é mais comum do que supomos – certa vez, tivemos, no mesmo semestre letivo, 20 eletivas canceladas dentro de um mesmo curso. É desagradável, porque passa uma das duas impressões: (1) ou aluno não se interessa pelo conteúdo específico do curso (2) ou quem cria a eletiva só pensa em sua própria conveniência. Nesse último caso, muitas vezes, a afinidade do professor com determinado conteúdo é tão grande que o leva a supor que o aluno entenderá, automaticamente, a sua proposta apenas lendo o nome atribuído àquela disciplina. Aliás, é bom dedicar mais tempo quando da criação de nomes em geral para que não pareçam ementa, evoquem imagens simplistas ou sugiram práticas muito além das que se pretende.  
Para ajustar a expectativa do aluno com a conveniência do professor em relação a eletivas, uma opção pode ser passar um questionário no final de cada semestre com o objetivo de descobrir quais os reais interesses do aluno e, através desse levantamento, construir soluções mais adequadas e realistas de conteúdo.
Por hoje, ficamos por aqui.
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE

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