Após a matrícula na faculdade, decidíamos tudo sozinhos: o curso de férias, a monitoria, a transferência para uma república, a atenção aos prazos etc. Nossos pais não mais resolveriam nossa vida; seriam agora nossos parceiros.
O mundo mudou. As crianças ganharam seu Estatuto, e não é incomum o prolongamento dessa fase para dentro dos portões das universidades - você já soube de alguém que teve sua inscrição de Vestibular feita pelo próprio pai sem que ele (o filho) soubesse em que curso havia sido inscrito? Eu já! A capacidade de tomar decisões acertadas não cresceu pari passu com a conquista dos direitos.
Ora, se o Vestibular não é mais sinal de maturidade nem o Ensino Médio garantia de sucesso acadêmico, o que fazer para evitar a retenção e evasão logo no primeiro ano? Como evitar o “primeiro gargalo”? Poderíamos começar por confrontar os altos índices de reprovação em determinadas disciplinas (algumas chegam a 80-88%). Bem ou mal, o aluno já foi selecionado no Vestibular; agora precisamos encontrar formas de minimizar a situação.
Não estou defendendo a aprovação em massa, nem o famoso jeitinho para melhorar as estatísticas, que serão desmascaradas por ocasião do ENADE, por exemplo. Falo da criação de uma rede de apoio que trabalhe para o sucesso acadêmico do aluno.
Mas isso não seria super proteção? Talvez, mas não seríamos os únicos. Não querendo supervalorizar o importado, as universidades americanas possuem prédios inteiros com esse objetivo que vão desde a orientação da matrícula, orientação aos pais, semana de integração, comunidades de aprendizagem (por disciplinas, temas ou problemas), tutoria, aconselhamento pessoal, desenvolvimento de carreira, atendimento a pessoas com deficiência, planejamento da vida acadêmica, palestras e oficinas com dicas de como ter sucesso nos estudos, programa de ajuda na adaptação dos calouros e transferidos, oficinas de encorajamento no meio do semestre para aqueles que ainda não se adaptaram à universidade, ... Ufa! Se, depois de tudo isso, ainda houver reprovação ou desistência, foi por algo para além do esforço das pessoas.
Mas alguém dirá: “Como? Não temos pessoal suficiente!”. Pois é. Pesquisando os diversos programas, descobri que a condução deles é sempre feita por professores e funcionários especializados; porém, a grande maioria dos operacionalizadores são os próprios estudantes. Não é incrível?
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE
Nenhum comentário:
Postar um comentário