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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 28 de maio de 2010

Newsletter no. 12/2010: Vide o Vídeo

Caro Professor,


Estamos com as seguintes atualizações de vídeo em nosso blog www.assuntoseducacionais.blogspot.com (na postagem principal ou na Central de Vídeo):
  1. Território Selvagem - partes 1 a 7 - da BBC (comportamento do leão em relação a búfalos, zebras, hienas etc);
  2. Mundo dos Insetos - parte 2 (borboleta);
  3. Cobras - Discovery Channel - parte 1;
  4. Antrópodes - videoaula;
  5. A Estrela Girassol e o Caranguejo Real - vídeo com 2':53", porém, interessantíssimo sobre predadores no fundo do mar (Discovery Channel, só link, não disponível para download);
  6. O Gene Portatori - partes 1 e 2;
  7. Toxicologia Forense – entrevista que pode servir como dica para um curso de extensão, já que a grande preocupação dos alunos dos bacharelados é o mercado de trabalho.


E por falar nisso, quais seriam as recomendações para exibição pedagógica de um vídeo?
  • Nunca exibi-lo como um pretexto para outra coisa que não seja a aula. O aluno percebe a intenção e você perde credibilidade.
  • Assistir ao vídeo antes. Assim você saberá, exatamente, que parte dele focar. Se não tiver assistido, diga ao aluno. Isso evita determinadas "surpresas" que possam estar contidas no episódio.
  • Toda exibição de vídeo precisa ser guiada. Por exemplo, copie na lousa os pontos importantes, peça que o aluno faça anotações durante a exibição e, no final, sorteie o grupo que irá explica-los.
  • Não exibir vídeos grandes de uma só vez, principalmente, se for à noite, porque eles provocam sono ou dispersão. Divida-o em partes de, no máximo, 10 minutos, utilizando o Windows Movie Maker.
  • Se você não tiver outra opção a não ser um vídeo grande, encerre a exibição numa parte "chave" do episódio e continue em várias aulas seguintes.
  • Um vídeo sempre deve vir acompanhado de uma atividade. Avise ao aluno que não se trata de diversão, mas de uma busca de informação.
  • Não aceite que o aluno apresente o óbvio após a exibição. Avise que ele precisará utilizar o vocabulário técnico apresentado no vídeo, por exemplo.
  • Geralmente, os vídeos pequenos são densos de conteúdo, portanto, precisam ser bem explorados. Então, para cada 10 minutos de filme, calcule, no mínimo, 10 perguntas subjetivas ou peça que o aluno as elabore, por exemplo.
  • Sempre que possível, exiba dois vídeos com o mesmo conteúdo, mas com visões diferentes para que o aluno possa desenvolver a criticidade.
  • Sugira pequenos vídeos para celular sobre sua disciplina baixados do Youtube. Geralmente, o aluno passa muito tempo no trânsito e seria uma boa oportunidade de revisar o conteúdo.
  • Deixe que os alunos criem seus próprios vídeos para exibi-los na sala e hospeda-los no Youtube.
  •  Utilize vídeos como forma de avaliação. Por exemplo, atribuindo nota para os melhores vídeos de locadora, Internet etc, que ilustrem o conteúdo que está sendo ensinado.

E que tipos de vídeos podem ser utilizados pedagogicamente?

No geral, todos, dependendo da sua disciplina e de seu objetivo: documentários, novelas, jornais, desenhos animados, filmes de aventura, comédias, propagandas etc. As locadoras são uma opção, mas a televisão é uma ótima fonte de conteúdo, principalmente, porque ela aproxima a sua disciplina do cotidiano do aluno. Você pode gravar os canais digitais de Recife, utilizando um PENTV (aquele equipamento que parece com um pendrive e que não custa nem R$ 110,00!) e cortar a parte que não interessa, focando, exatamente, na sua aula. Já experimentou exibir aquelas cenas em close de futebol mostradas na propaganda para explicar anatomia?
Por hoje é só. Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Newsletter no. 11/2010: Construção

Estive pensando no porquê de resistirmos tanto em mesclar nossa prática pedagógica com outras atividades que não as tradicionais. Não digo jogar fora tudo o que é "velho" em nome de um modismo mal fundamentado, mas determinadas atividades até economizariam nosso tempo, se tentássemos utiliza-las. Até acreditamos que existam outras opções, mas na hora H, preferimos o conforto do chinelo velho. Estou me referindo às concepções de ensino-aprendizagem que estão por trás de nossa prática pedagógica.

Uma das concepções que podem nos levar à resistência é a ideia de que ensinar é transmitir conhecimento - a chamada "educação bancária": o professor "enche" a cabeça do aluno com o conhecimento, já que ele é o principal ator do processo (transmissor), enquanto que o aluno é o receptor de tudo; e a aprendizagem é o acúmulo desse conhecimento. Nessa concepção, o aluno não constroi conceitos, apenas os armazena, passivamente, acreditando que a palavra do professor é uma verdade estabelecida.

A segunda concepção tem relação com o Behaviorismo e o desenvolvimento da inteligência, a aprendizagem sendo sinônimo de desempenho. Portanto, quanto mais específico forem os objetivos, mais será possível detectar esse desempenho e mais o aluno terá aprendido. Essa concepção sozinha, apesar de incentivar a participação da classe, leva à fragmentação do conhecimento. 

Finalmente, a concepção sociointeracionista que acredita na corresponsabilidade do aluno por sua própria aprendizagem, já que ele (o aluno) é o ator principal desse processo. Nela, a aprendizagem se dá pela construção dos conceitos, à medida que o aluno é incentivado a confronta-los. Nesse caso, o professor é um gerador de situações que propiciem confronto de ideias. Mas, como ocorre esse confronto? Através da apresentação ao aluno de situações-problema para que, a partir delas, ele possa conceituar, generalizar e sistematizar, esses mesmos conceitos sendo retomados periodicamente em níveis mais complexos para que seja relacionado o novo conhecimento àquele já adquirido. 

Porém, o que eu estou querendo dizer com isso? Que aula expositiva está ultrapassada e o bom mesmo é a utilização de vídeos da Internet? Que as concepções mais antigas devem ser descartadas totalmente? Longe de mim!

As concepções mais tradicionais já foram consideradas avançadas no passado, então, o importante é aproveitar o que cada uma pode oferecer de útil hoje; às vezes, o caminho mais direto é o mais eficaz. Nada impede que uma aula expositiva seja desafiadora, se ela problematiza situações cotidianas; enquanto que a exibição pura e simples de um documentário científico pode ser apenas um modernoso "pretexto didático".
É isso. Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE 

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Newsletter no. 10/2010: O Músico e o Professor

Grosso modo, qual seria a semelhança entre o músico e o professor? Podemos dizer que ambos vão aonde o povo está – no caso do professor, aonde está o aluno através da transposição didática, assunto abordado na newsletter nº 09.


Mas, espera aí! Vamos deixar o “Milton Nascimento aplicado à Educação” muito bem explicadinho, inclusive para esclarecer possíveis mal entendidos da semana passada! E dando uma olhada no avesso da transposição didática, percebemos que ela não é:



  • Dispensar o professor. Lógico! Apesar das telessalas e da EAD, não existe algo tipo “self service da Educação”! Em algum momento, vamos precisar de alguém que nos guie na construção do nosso conhecimento; portanto, o papel do especialista é determinante nesse processo.

  • Nivelar por baixo. A aula pode ter um bom nível sem ser, necessariamente, “grega” - até porque começar a ensinar “pelo alto” é perda de tempo e acúmulo desnecessário de estresse. Fazer a transposição didática é achar a “melhor forma”; é provocar o encontro obrigatório entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento trazido pelo aluno (aprendizagem significativa); é criar um link entre o conhecimento do professor e o conhecimento do aluno, porque aprender é edificar sobre estruturas já existentes. Então, mesmo indo aonde o aluno está, o importante é não permanecer “embaixo”, no conformismo de, apenas, dar acesso ao conhecimento.

  • Aprender brincando. Todo aprendizado passa, necessariamente, por um certo nível de estresse, até mesmo nos primeiros anos de vida, quando há grande concentração de atividades lúdicas. Daí por diante, principalmente no ambiente escolar, a convivência com esse estresse vai se somando a cada ano, ocorrendo picos dele em “ritos de passagem” como Vestibular, concursos públicos etc. Verdade que as políticas educacionais que defendem essa idéia de aprender sem estresse visam apenas a estatísticas que maquiam a realidade.

  • Reducionismo vocabular. Qualquer área do conhecimento tem sua linguagem própria, e o jargão técnico foi construído para facilitar a comunicação profissional. Já pensou se alguém tivesse que dizer “um distúrbio no qual os mastócitos, células produtoras de histamina envolvidas nas reações imunes, acumulam-se nos tecidos da pele e, às vezes, em várias outras partes do corpo” toda vez que quisesse se referir a “mastocitose.”? Quanto tempo perdido!

  • Aprovação em massa a qualquer custo. O documento Reuni propõe a redução anual dos percentuais de evasão e retenção, e sempre existem soluções simples e efetivas para tal (adiamento da disciplina para períodos posteriores, orientação da matrícula, criação de turmas de nivelamento, reestudo do conteúdo programático, adequação do horário da aula, monitoria voluntária com creditação de nota na disciplina, criação de eletivas preparatórias, criação de grupos de estudo voluntários, matrícula em cursos introdutórios em sites específicos, aumento das aulas práticas etc). Mas, a aprovação “geral e irrestrita” não pode ser perseguida a ferro e a fogo. Quem aprova “qualquer um” não deve estar fazendo a sua parte.

Terminando, deixo com vocês o link do show de Milton Nascimento no New Orleans Jazz Festival em 1991, cantando a canção  Pelos Bailes da Vida .

Bem, por hoje é só. Bom final de semana e bom descanso.

Cristina Florêncio

TAE do CCB - UFPE

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Newsletter nº 09/2010: O Leite e o Lattes

Caro Professor,

Visualizemos a cena: primeira semana para a turma de calouros. Quase ninguém se conhece, mas todos têm um palpite sobre o conteúdo da disciplina e já viram na Internet que o professor tem um Lattes incrível! A essa altura, o Vestibular é jornal de ontem, e todo mundo quer mesmo é “botar a mão na massa” nem que seja só para sentir a consistência.

Vai-se o primeiro bimestre e, pouco a pouco, os olhares de curiosidade vão sendo substituídos por um silêncio mortal gritante. “Alguma pergunta?” Nada! Só aquela apatia pesando sobre os ombros.

Resultado da primeira avaliação. “Se vocês não estavam entendendo, por que não disseram quando eu perguntei?” Novamente o silêncio acostumado.

Já viu esse filme antes, professor? Típica situação de imaturidade do aluno acreditando no Vestibular como porta de entrada gratuita para o paraíso; mas também, provavelmente, um bom exemplo relacionado à transposição didática.

Mas, o que é mesmo transposição didática? Vamos pensar um pouco. O que ocorreria se fosse dado um prato de feijão com arroz e bife a um bebê recém-nascido? Ele não iria digerir a comida e morreria, certo? Se o bebê não pode ser amamentado, é necessário administrar a ele leite modificado para que seu organismo se adapte pouco a pouco aos alimentos.

Na prática pedagógica, é semelhante. A condição essencial ao conhecimento é que ele seja transformado para que se torne possível de ser ensinado. Ou seja, o conhecimento “bruto” produzido na academia não pode ser integrado às estruturas mentais do aluno. Faz-se necessário que ele seja “modificado” para que o “aparelho digestório cerebral” do aluno o assimile.

A sala de aula é o palco de encontro de dois saberes: o conhecimento acadêmico e o conhecimento trazido pelo aluno. Existe um distanciamento obrigatório entre esses dois saberes que não deve ser ignorado nem minimizado. O saber acadêmico precisa passar, obrigatoriamente, por uma “modificação” para que se torne possível de ser assimilado. Essa transformação é o que chamamos de transposição didática.

E como funciona a integração das estruturas mentais? Todos nós temos estruturas mentais construídas ao longo de nossa existência. Uma criança que cumpre todas as etapas escolares cria estruturas mentais que se ampliam constantemente, integrando o novo conhecimento, cada vez com mais facilidade. Ao passo que um adulto alfabetizado tardiamente é obrigado a “queimar etapas”, prejudicando o processo de construção dessas estruturas.

Ninguém chega à sala de aula como tábula rasa; aprender é integrar o novo ao já existente. Quanto mais uma pessoa aprende, mais facilidade ela terá em aprender; e quanto menos ela aprende, menos possibilidade ela terá de aprender.

Concluindo, professor, por mais embasado que seu aluno seja, se não houver uma transformação do conteúdo de sua disciplina de maneira a torna-la significativa para o aluno, existirá uma grande possibilidade de o ensino-aprendizagem não ocorrer; porque o aluno não poderá integrar o novo conhecimento às suas estruturas mentais já existentes.Ou seja: é imprescindível haver a transposição didática.

Por hoje, é só. Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE