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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Newsletter no. 34/2010: Professor e Pesquisador

Responda rápido:
·         Já teve a sensação de que ensinar é uma perda de tempo?
·         Que, por mais que se esforce, os resultados ficam aquém do esperado?
·        Já sentiu como se o aluno não entendesse sua intenção e ainda contestasse sua  autoridade e liderança?
·        Já foi injustiçado até mesmo por bons alunos?
·         Já quis parafrasear Marx, gritando: “Professores do mundo inteiro, uni-vos”?

Se você respondeu sim a, pelo menos, duas perguntas, bem-vindo ao clube! Estamos vivendo, mesmo, uma crise de autoridade, liderança e responsabilidade no ensino de forma geral. E quem mais se ressente disso é, justamente, o professor idealista, bem intencionado e com visão de futuro – aquele que faz tudo para que a Educação dê certo.
Lawrence Stenhouse
Esse desconforto parece característico da pós modernidade, porém, isso já era comum nos anos de 1930. Na década de 1970, um professor britânico chamado Lawrence Stenhouse e seus colegas fundaram o Centre for Applied Research in Education dentro da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, tendo como objetivo construir um modelo de educação no qual todo professor fosse capaz de manter sua autoridade, liderança e responsabilidade em sala de aula, sem que, para isso, tivesse que apelar para seu “conhecimento doutoral”.  
Mas, não é nesse saber inquestionável que se baseia a autoridade e a liderança do professor? Em 1979, na sua aula inaugural Research as a Basis for Teaching, proferida na mesma Universidade de East Anglia, Stenhouse afirmava que não, apesar de essa ser a crença suposta e incentivada nas escolas e universidades da época. Para que todo professor tivesse essas prerrogativas sem a necessidade de presumir-se onisciente, ele construiu um modelo: o do professor-pesquisador.
Como seria esse modelo? Stenhouse defendia que o professor-pesquisador era aquele que tinha pleno domínio da sua prática pedagógica. Em outras palavras, aquele que transformava a sala de aula em laboratório de investigação do próprio fazer, levando em conta o aluno e sua comunidade. Para Stenhouse, ensino e pesquisa não deveriam caminhar separados; mas, sim haver uma integração entre o conteúdo a ser ministrado e a investigação da forma como esse conteúdo seria ensinado, objetivando a encontrar melhores saídas de aprendizagem - é o que ele chamou de pesquisa-ação, realizada pelo próprio docente e não por um pesquisador externo. Ele também dizia que, numa situação ideal, o professor é quem deveria determinar o currículo de seu próprio aluno.
As ideias de Stenhouse nos parecem óbvias, porque se nos propomos a pesquisar o que ensinamos, e a nossa pesquisa contribui para o desenvolvimento da aprendizagem em sala de aula, nossa classe se tornará um "laboratório humano". Mas, se desenvolvemos o ensino e a pesquisa como coisas dissociadas e até mesmo contrárias, teremos sempre a sensação de que estamos perdendo tempo, e que deveríamos nos dedicar a coisas até "mais lucrativas".
Porém, em que se embasavam os conceitos de professor-pesquisador  e de pesquisa-ação? Bem, Stenhouse cria que o aluno tinha o direito ao saber; que deveria existir uma conexão entre o conteúdo ministrado e o conhecimento de mundo do aluno; que o melhor método pedagógico era o diálogo; e que o ensino mais eficaz baseava-se em pesquisa e descoberta. Também acreditava que o professor não poderia ser um mero transmissor de conhecimentos, porém, uma pessoa que pensasse e analisasse o seu ofício.
Tendo em vista o pensamento de Stenhouse, podemos levantar algumas perguntas para o professor-pesquisador de hoje: Por que determinada atividade dá (ou não dá!) certo em sala de aula? Por que o aluno não consegue entender assuntos que nos parecem óbvios? Por que conseguimos bons resultados em determinado turno e não conseguimos em outro? Será que é apropriado o ensino de determinado conteúdo em determinado momento? Nossa pesquisa está desvinculada do nosso ensino? Por que ensinar parece uma atividade tão desmotivante?
Por hoje, ficamos por aqui.
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE

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