Bem-vindo, Professor! Sinta-se à vontade! Este espaço é nosso!

TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Newsletter no. 33/2010: Tempo de aprender

Um dos assuntos mais recorrentes na escuta dos alunos é a questão do tempo. No geral, falamos de dois tipos: o tempo didático (aquele no qual o professor organiza o conteúdo a ser ministrado em respeito a uma exigência legal. Por exemplo, 50 minutos de aula, carga horária de 45 horas etc) e o tempo de aprendizagem (no qual o aluno constroi seu próprio conhecimento através do “equilíbrio-desequilíbrio” de suas estruturas mentais, integrando a nova informação ao que ele já possui. Essa integração não tem “prazo fixo” e não se limita, necessariamente, à sala de aula).

E por que esse assunto é tão recorrente? Porque, tendemos a desrespeitar a diferença entre ambos, acreditando que os dois são a mesma coisa.  Exemplo 1: “Quanto mais melhor” – nesse caso, defendemos que ensinar é transmitir conhecimento e nos preocupamos com a limitação do tempo didático. Para suprir essa limitação, enchemos a cabeça do aluno de conteúdo, além de exigir leitura de copiosa bibliografia antes de cada avaliação. Exemplo 2: “Vamos terminar logo com isso” – não é muito diferente do primeiro, porém, com um detalhe: preenchemos todo o “tempo vago” que descobrirmos no horário. Ou seja: marcamos “aulas extras” nos dias sem previsão de aula, justamente, no tempo que o aluno teria para o aprofundamento das disciplinas; “aproveitamos” o horário do almoço para provas; os finais de semana para atividades "obrigatórias", sem que haja um forte motivo para essa pressa, a não ser, talvez, a nossa própria conveniência.      

Aprender = ler?

Ora, se entendemos que aprender é construir algo novo, integrando a nova informação com o conhecimento que já possuímos, o tempo terá um papel importantíssimo nesse processo. Porque é preciso tempo para que haja reflexão, insights e generalização do que foi ministrado.  Por mais que amemos nossa disciplina, não podemos nos esquecer de que ela não é a única a ser aprendida; que o dia só tem 24 h e que, enquanto isso, o aluno precisa continuar vivendo. Sem tempo hábil para reflexão e aprofundamento, não há aprendizagem. No máximo, uma memorização de curto prazo, baseada na leitura “pim-pam-pum” dos textos obrigatórios ou do “estudo” dos gabaritos postados na Internet às vésperas da prova da vez. Sem tempo, não se dorme. E o sono é essencial para que o cérebro processe o que recebeu e produza o “ahhhh, é por isso que ...!”.
Não. Não estou defendendo a abolição da leitura nem a superficialidade do conteúdo – aliás, ler é atividade básica a qual todo universitário precisa estar habituado. Mas, dada a rapidez do conhecimento, o que ensinamos hoje já pode estar desatualizado, enquanto tentamos ministrar aulas a duras penas.
Então, qual seria a alternativa? Sugiro a otimização do tempo através da incorporação de outras mídias em nossas aulas, tais como animações, vídeos, cd-roms, músicas etc, a depender do conteúdo. Esses recursos, se bem escolhidos, provocam muita reflexão sobre o que está sendo ensinado, economizando o tempo de aprendizagem e esticando o tempo didático para além da sala de aula.


Fazendo as pazes
Uma mídia bem elaborada vale por mil palavras, nossas e de um livro, porque ela é densa de conteúdo e permeará a disciplina durante todo o semestre. Não que devamos abolir o livro! Ao contrário: façamos as pazes com ele! Não como um "castigo obrigatório", mas como um material de consulta quase semelhante ao dicionário. Finalizando, vejamos o que diz o Pró-reitor de Extensão Universitária da UNESP (Universidade Estadual Paulista) Prof. Benedito Barraviera, que trabalha, desde de 1997, com parte da disciplina Doenças Tropicais, de forma não-presencial, no curso de Medicina:
              "’Tudo começou porque um dia, ao entrar para dar aula, percebi que iria repetir pela terceira vez exatamente o que tinha apresentando e explicado para outras duas turmas. Fazer a mesma coisa várias vezes não acrescenta nada a ninguém, além de ser algo enfadonho’, conta. [...] Barraviera exemplifica contando que levava 40 minutos para demonstrar para seus alunos como a toxina do tétano chegava no sistema nervoso central da pessoa infectada. ‘Eu precisava fazer um desenho, rabiscá-lo, fazer a turma perceber a produção da toxina pela bactéria. Era preciso que eles imaginassem tudo e entendessem enquanto eu estava ali, na sala de aula’. conta. ‘No CD-Rom, montamos uma animação de 40 segundos que explica de maneira clara o que acontece. E o que é melhor, o aluno pode ver quantas vezes quiser, hoje, amanhã, daqui a uma semana. É claro que as chances dele entender são bem maiores"’.
Alguma dúvida? Maiores detalhes podem ser conferidos na íntegra da matéria Ensino não-presencial otimiza tempo de aprendizagem, no site http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=574 acessado em 14/10/10.
Por hoje, ficamos por aqui.
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE

Nenhum comentário:

Postar um comentário