Bem-vindo, Professor! Sinta-se à vontade! Este espaço é nosso!

TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Newsletter no. 32/2010: Alô, alô!


Numa noite dessas, certo apresentador na televisão explicava que atendera, ao vivo, algumas pessoas em situações desesperadoras. Querendo personalizar aquele serviço de utilidade pública, ele sugerira que elas o procurassem em seu escritório particular, fornecendo maiores detalhes para que fosse resolvida a situação.  
No dia aprazado, nenhuma delas compareceu. O que teria acontecido? Suicídio coletivo? Que nada! Pouco depois, descobriu-se a causa da ausência: a palavra particular. Sim, porque para aqueles telespectadores, a maioria em situação financeira crítica, essa palavra significava desembolsar uma quantia em troca de seus problemas resolvidos – daí o “boicote geral”.
Esse fato exemplifica como as palavras são prenhes de carga emocional, ganhando conotações diferentes, dependendo da pessoa e do contexto em que estão inseridos – lembra daquela palavrinha que lhe incomodava tanto na sua infância ou adolescência e que lhe irrita até hoje? É a isso que me refiro.

O feedback necessário

Em Educação, situações polissêmicas são muito comuns. Quantas vezes já acreditamos que nos havíamos feito compreender, e a avaliação foi decepcionante? É muito complicado! É muito complicado garantirmos que fomos plenamente entendidos, principalmente, em se tratando de algo totalmente novo. É necessário um apropriado feedback.

Então, quer dizer que o aluno mente a esse respeito? Às vezes, sim, por razões diversas. Porém, refiro-me a situações quando ele “pensa que entendeu”! Cada um de nós tem sua forma particular de percepção do mundo. Teóricos da Neurolinguística afirmam que a diferença entre o aluno que diz “Veja, professor” para o que fala “Ouça, professor” é que o primeiro utiliza mais a visão, enquanto que o segundo prefere a audição como forma de captar a realidade.

Então, como testar se fomos entendidos ou não? Experimentemos a seguinte técnica, sem informar ao aluno o nosso objetivo:
1.   Na apresentação de um novo conceito, depois que todos concordarem não existir mais nenhuma dúvida quanto a ele, peçamos, aleatoriamente (não ao melhor aluno!), que alguém explique, com suas próprias palavras, o que acabamos de conceituar;
2.   após essa nova explicação, certa ou errada, não demonstremos qualquer reação a ela, mas perguntemos se todos concordam com o “voluntário”;
3.   concordando ou discordando, peçamos agora que outras pessoas façam o mesmo que esse aluno, só para termos noção da “amplitude do fato”.

Se as idéias forem semelhantes às nossas, ótimo! Conseguimos nos fazer entender e o aluno incorporou a informação nova às estruturas mentais que já possuía; ou seja, ele construiu conhecimento. Mas, em algumas vezes, os alunos terão compreendido justamente ao contrário do que dizíamos! E isso não significa qualquer “deficiência”! Apenas confirma que as palavras têm significado para além do que está no dicionário; e que, relacionadas à nossa experiência de vida, elas influenciam nossa percepção de mundo – e não estamos falando de gírias!

Escolhemos as palavras que mais “combinam” conosco. Nosso vocabulário ativo reflete nossos valores, nosso temperamento, nossa cultura, nossa forma de aprender, entre outros. Ou seja, entendemos a nossa própria emoção. E isso é bom ou ruim? Bem, pelo menos os ruídos da comunicação nos obrigam a aceitar as próprias e alheias “ininteligências” como resultantes das limitações que nos tornam humanos. 
Por hoje, ficamos por aqui.
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário