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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Newsletter no 37/2010: Prof. Marccus Alves*: Estilo de Ensinar

Marque a resposta correta para a seguinte pergunta:
Qual é o perfil do professor homenageado no CCB?
a)    Ele conversa com o aluno no corredor sobre futebol, novela ou assemelhados;
b)    é muito competente, mas sua sala de aula é “a casa de mãe joana”;
c)    é visto no bar da esquina, com o aluno, às sextas-feiras após a aula;
d)    sempre tem alguém apresentando o filhinho recém-nascido a ele;
e)    já foi padrinho de casamento de alguns alunos;
f)     todas as anteriores e muito mais!
Prof. Marccus Alves - UFPE
Sem considerar o mérito das respostas acima, se marcou qualquer delas, você está ABSOLUTAMENTE E.....RRADO! Nem sempre o professor homenageado é o campeão de popularidade. O Prof. Marccus Alves, por exemplo, não se considera tão simpático assim, porém, é um dos frequentadores assíduos das placas de formatura nessa categoria. Sendo professor dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e do PARFOR (2a. Licenciatura da UFPE para professores da rede estadual de Pernambuco), ele é o entrevistado da semana sobre seu estilo de ensinar.
EXISTE ALGUMA DIFERENÇA ENTRE O ALUNO DA LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DO CCB E AQUELE QUE FAZ A 2ª. LICENCIATURA UFPE?
Eles são completamente diferentes! No comprometimento, na atenção, na dedicação, ...! Isso porque a visão é diferente: o aluno da Licenciatura do CCB procura o curso noturno porque trabalha; já o que procura a 2ª. Licenciatura é para se legalizar, porque já é professor diplomado, porém, não na disciplina que ministra.
HOUVE ALGUMA MUDANÇA NA LICENCIATURA DO CCB COM O CORRER DOS ANOS?
Ministro aulas há 15 anos, e houve uma mudança gradual. O público está totalmente diferente de antes, quando o curso era escolhido por ser de mais fácil aprovação no Vestibular. Hoje, as pessoas optam, porque têm interesse em Biologia.

COMO VOCÊ SE PERCEBE COMO PROFESSOR?
Eu me sinto um educador, um formador de pessoas na área de recursos humanos. Não consigo me ver em papel diferente. Sinto-me feliz como professor universitário; sinto-me realizado formando pessoas. É uma satisfação profissional.
QUE VISÃO OS ALUNOS TÊM DE VOCÊ?
Eu não sou popular entre eles! Ao contrário, sou exigente, comprometido com a temática do trabalho, rigoroso. Cumpro datas e horário, e minha prova é para quem estudou. Porém, não me vejo injusto. Não sou amigo para tomar chope. Converso no corredor e na minha sala particular apenas para falar de assuntos relacionados à minha profissão.

DE ACORDO COM SUA EXPERIÊNCIA, O QUE NÃO DÁ EM CERTO SALA DE AULA?
Estudo dirigido e leitura não dão certo. Isso porque poucas pessoas leem o suficiente para realizar uma discussão em sala; não fazem uma leitura profunda. Geralmente, leem antes de a aula começar.
Outra coisa que não dá certo são as práticas que necessitem de muita atenção do aluno, já que elas acontecem sempre no final do turno. Então, a preocupação com o transporte (alguns moram em Vitória; o ônibus, depois de um certo horário, não entra mais no campus; ou é o último da noite, ...) e o cansaço atrapalham muito.

E O QUE FUNCIONA?
Práticas de observação e complementação da informação funcionam. O tipo de exercício também tem que ser diferente. Trabalho com vídeo também funciona. O aluno tem habilidades que não percebe para sua vida profissional. No trabalho que realizei com produção de vídeos nesse semestre, os alunos criaram e desenvolveram ideias e estudaram para produzir esses vídeos. Os ganhos dessa produção foram habilidade com essa ferramenta, habilidade para trabalhar em grupo e ter que pensar para desenvolver uma ideia.  A construção do vídeo foi o grande mérito. Excursões nos finais de semana também funcionam, porque é uma vez por mês, e o aluno se programa para participar.

VOCÊ PRETENDE CONTINUAR A VIDA TODA COMO PROFESSOR?
Sou melhor professor do que pesquisador, porque cumpro bem o que me proponho. Fui criado num universo familiar de formação de pessoas (minha mãe era pedagoga, e o processo educativo continuava em casa). Ser professor e ministrar aulas nunca foi algo que me desgastasse. O problema do ensino são as condições de trabalho e carga horária insana. Minhas aulas versam acerca do conhecimento geral, transversal à disciplina; não, necessariamente, sobre o tema da minha pesquisa.
QUAIS SÃO SUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS?
Sou muito satisfeito com o que faço; escolhi, curti muito o meu processo de formação. Sou privilegiado em fazer o que gosto, tanto no trabalho com graduandos quanto com orientandos. E os alunos percebem isso, porque me entusiasmo ministrando aula. Sou um professor que impõe limites: o aluno não sai e entra quando quer, nem fala ao telefone durante a aula. Ele percebe que existem regras; e o aluno gosta que existam regras, mesmo quando ele reclama, porque, às vezes, ele não tem isso em casa. Ele percebe que é alguém preocupado com o aprendizado dele. Ser professor universitário transcende a instituição, e os alunos, no final, aprendem.
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*Prof.Dr. Marccus Vinicius da Silva Alves
Bacharel em Biologia Marinha e Licenciado em Ciências Biológicas.

Doutorado em Botânica.
Atualmente, professor de Botânica Fanerogâmica da UFPE nos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e PARFOR (2ª. Licenciatura em Ciências Biológicas para professores do Estado de Pernambuco).

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