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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 9 de julho de 2010

Newsletter no. 17/2010: Análise do Livro Didático

Análise do livro didático de Biologia do Ensino Médio como forma de construção do conhecimento na disciplina de Parasitologia Humana 
 



     Historicamente, livros didáticos têm sido compreendidos como agentes determinantes de currículos,  limitando a inserção de novas abordagens e possibilidades de contextualização do conhecimento. Em muitos casos, o livro parecia ser concebido na perspectiva principal de aliviar o trabalho do professor, priorizando suas necessidades.

     Desde os tempos de aluno do Ensino Médio, eu adorava “comparar” os livros didáticos que tinha, como forma de encontrar qualidades diferenciais entre eles. Como estudante do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas daqui da UFPE, pude colocar esse trabalho em prática na disciplina de Micologia Médica com minha professora na época, hoje minha amiga, “comadre” e colega de departamento, Professora Drª Oliane Magalhães, da qual sou fã.

     Não bastasse, durante o mestrado e o doutorado aqui também na UFPE, mesmo desenvolvendo pesquisa com Micologia Médica e Taxonomia de Leveduras, volta e meia, eu estava analisando conteúdo em livros didáticos nas áreas de parasitologia, microbiologia, biotecnologia e micologia, sendo esta última análise realizada em parceria com uma das maiores microbiologistas do Brasil, a minha orientadora, professora Drª Lusinete Aciole (in memoriam), apresentada de forma oral no último Congresso Brasileiro de Microbiologia, onde, segundo organizadores, existe uma grande carência de trabalhos nas diversas áreas das Ciências Biológicas ligadas à análise de ferramentas didáticas e ao processo de ensino-aprendizagem.

     Hoje, em minha primeira turma como professor na UFPE, no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, lancei uma proposta aos alunos, de além de aulas teóricas e práticas, trabalhar também a análise de livros didáticos de biologia do Ensino Médio, como parte das atividades práticas pedagógicas da disciplina eletiva Parasitologia Humana. Essa disciplina apresenta-se como área de atuação do futuro biólogo tanto para as análises laboratoriais, ambientais, quanto para área de educação. Neste aspecto, creio que a responsabilidade na formação dos biólogos licenciados aumenta, pois eles atuarão no diagnóstico, prevenção, projetos ligados ao saneamento, bem como podem exercer a docência em instituições de ensino.

     No início houve certa “resistência” por parte de alguns alunos, pois a turma era muito heterogênea, com 56 pessoas do segundo ao oitavo período. Mas o resultado final foi satisfatório, pela participação e promoção do entendimento do livro didático na sua completude, principalmente, em função do papel que este adquire no contexto escolar, sendo, muitas vezes, a única ferramenta que o professor dispõe em sala de aula.

     Para o desenvolvimento desta atividade, foram analisados os seguintes parâmetros em cada livro: ano de edição, conceitos, figuras, esquemas explicativos, didática, atividades de fixação, formação cientifica, entre outros. Foram examinados 8 livros didáticos de Biologia destinados ao Ensino Médio. Em um primeiro momento, os grupos realizaram uma leitura de sondagem do conteúdo dos livros para o planejamento das operações de recorte do texto, tratamento dos dados e categorização. Essa análise piloto forneceu uma primeira impressão a respeito dos conceitos em relação ao estudo das principais parasitoses presentes nos livros.

     Como encerramento da disciplina, cada grupo apresentou o resultado de aproximadamente três meses de pesquisa, analisando o conteúdo de parasitologia em um livro didático específico, com uma breve discussão. Ao final das apresentações, alguns alunos demonstraram vontade de continuar com trabalhos semelhantes unindo pesquisa, educação e diagnóstico, formando, assim um elo, que muitas vezes se apresenta de forma distante ou fragmentada, que é a união do ensino-serviço.

     Segundo os alunos, os livros devem ter uma padronização e ir além do universo escolar, visto que, principalmente, no campo da saúde, os conceitos devem ser entendidos, aplicados e divulgados para o maior número de pessoas.

     Apesar de todos os problemas, carências e desacertos da educação brasileira, é somente pela aprendizagem formal, obtida na escola, que a maioria dos alunos tem acesso a algum tipo de conteúdo científico; dessa maneira, é fundamental que os futuros professores tenham esse acesso. Possivelmente pelo fato de muitos desses conceitos serem discutidos apenas de forma teórica e não prática, os futuros professores têm dificuldade em internalizá-los.

     Considerando a educação como um dos fatores para a promoção da saúde, devemos ressaltar a importância do ensino, valorizando a influência do professor, assim como a utilização do livro didático, considerado-o instrumento básico do trabalho pedagógico.

(Prof. Dr. Bruno Severo Gomes é docente das disciplinas Parasitologia Humana, Micologia Médica e Microbiologia no Departamento de Micologia do CCB - UFPE.)

2 comentários:

  1. É bom saber que tem pessoas competentes como você olhando pra educação quando todos os outros só sabem criticá-la.

    Excelente trabalho, tomara que inspire outros professores também! =)

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  2. Obrigada, Roger! Vale salientar que o artigo acima foi escrito pelo Prof. Bruno Severo, do CCB. E vc? Também pertence ao nosso Centro?

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