O que você acha de aposentarmos a figura do professor humano em sala de aula? Quando digo humano, não estou me referindo às características emocionais e afetivas, mas à gente mesmo, de carne e osso! Vamos aproveitar os editais de melhoria da qualidade de ensino que saem todos os anos e encomendar um professor-robô!
Saya, professora-robô substituta. |
E por que não? Afinal, melhorar o ensino não é o mesmo que comprar equipamentos? E ainda teremos as seguintes vantagens: programar um indivíduo com competência e atualização incontestes, transposição didática adequada, sem problemas de relacionamento interpessoal e, de quebra, ele não adoece, não faz greve, tem excelente custo-benefício e não gera direitos trabalhistas. Bingo!
Exagero meu? Então, saiba que já estão na ativa quatro modelos de professor-robô: duas versões para o ensino de crianças e adolescentes e capacitação de professores (Coreia do Sul); um como professor-substituto, principalmente em locais onde faltam docentes, e outro como robô-palestrante para alunos universitários (Japão).
Um dos modelos coreanos, o Engkey, de aproximadamente R$ 12 mil, é um robô com todas as características que conhecemos; já seu outro correspondente pode ser controlado por um professor diretamente das Filipinas (onde a mão de obra é mais barata) e funciona como um equipamento para aula de crianças e adultos na modalidade telepresença. Esses “bonequinhos engraçadinhos” conseguem ler os livros físicos dos alunos e ainda têm mobilidade suficiente para as musiquinhas típicas das aulas infantis de inglês – e as crianças A-DO-RAM! Inclusive porque, conforme o depoimento de alguns adultos, (pasme!) é mais fácil conversar com o professor-robô do que com o professor humano.
A “indústria robótica” já está a todo vapor, porque o Ministério da Educação coreano pretende que, até 2013, haja um Engkey em cada jardim da infância(!).
Quanto às versões japonesas, além do robô-palestrante, merece destaque o modelo Saya, uma professora-robô que foi “promovida” (antes, ela atuava como recepcionista) e tem todas as características de uma pessoa de verdade, com a vantagem de suportar beliscões e puxões de cabelo de seus alunos mais incrédulos.
Porém, vamos pensar um pouco. Será que a “regra de três” mais verba = mais equipamento = melhoria da qualidade do ensino é sempre diretamente proporcional? Claro que precisamos de equipamentos em Educação! Mas, por que será que quando pensamos em melhorar o ensino, só lembramos de comprar equipamentos? Por que não lembramos de trabalhar as atitudes das pessoas no dia a dia? Será que as máquinas, por si sós, resolvem nosso problema? Afinal, não são as pessoas que, operando as máquinas e tendo as atitudes certas, fazem toda a diferença? Ou é melhor não arriscar e substituir os humanos pelas máquinas em sala de aula?
É isso.
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE
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