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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sábado, 12 de março de 2011

Newsletter no. 07/2011: Questão de Regência

Conversando com uma professora do CCB no semestre passado, ela me contou um fato curioso. Durante uma de suas aulas, o data show, simplesmente, não funcionou, e, naquele dia, ela foi obrigada a retomar a utilização da boa e velha lousa.   

Para sua surpresa, foi uma das aulas mais participativas que ela já ministrou: os alunos acompanharam o seu raciocínio o tempo todo, fazendo perguntas e anotações, diferentemente dos outros dias, quando boa parte deles se mostrava passiva.

Ficamos discutindo um certo tempo sobre esse episódio: como uma tecnologia projetada para motivar o aluno provocara apatia; enquanto a “volta ao ensino primitivo” despertara um súbito interesse no conteúdo da disciplina. Por quê?

Sem grande aprofundamento, posso dizer que tudo é uma questão de regência. Isso mesmo! Da regência do verbo assitir. O uso da mídia por si mesma, por mais tecnológica que ela seja, provoca passividade em quem assiste (= presencia), justamente, por isso, e principalmente, quando se trata de vídeo (aliás, vídeos grandes nunca deveriam ser exibidos de uma vez, mas divididos em vários “capítulos” de acordo com determinados “pontos estratégicos”).

Quando o aluno senta, alguém apaga a luz e a classe simplesmente assiste à aula (presencia), o que nos garante que o aluno está acompanhando o nosso raciocínio? Aliás, aula o tempo todo “no escuro”, além de provocar sono, tem outra desvantagem: o aluno não pode anotar suas impressões nem o que considerar relevante; e se ele não refletir sobre o assunto, provavelmente, não conseguirá incorporar a nova informação ao seu esquema mental. Ou seja, não construirá conhecimento.

E outra coisa: cá pra nós, o aluno também costuma desconfiar quando deixamos "tudo por conta da mídia”, como se ela fosse a nossa muleta ou uma espécie de professor digital. Lembra daquele episódio d’Os Simpsons no qual um grupo de alunos escondeu todos os livros didáticos da escola para saber até que ponto o professorado conseguiria se virar sem aqueles textos? Pois bem. É algo parecido.

Proponho que o professor utilize estratégias simples para descobrir até que ponto sua classe está assistindo a aula (ajudando a faze-la). Algumas sugestões:

  1. Tenha certeza de que o aluno está acompanhando o seu raciocínio. Como? Peça a alguns deles (não ao melhor da classe) que expliquem o conceito que você acabou de ensinar. Se houver respostas divergentes da sua ou entre os grupos, não corrija de pronto. Antes, peça que todos desenvolvam suas respostas com exemplos. Às vezes, a classe inteira ou um grupo entendeu justamente ao contrário do que explicamos, e isso não é falta de inteligência. É que as palavras têm semântica diferente conforme nossas experiências de vida;
  2. minutos antes de exibir qualquer mídia, informe ao aluno o que você espera que ele observe, de maneira que seu olhar seja dirigido para os aspectos mais importantes do conteúdo;
  3. uma maneira de direcionar o olhar é passar um questionário com poucas perguntas que devam ser respondidas de acordo com a mídia exibida. Ao final da exibição, cada grupo apresenta suas conclusões e compara as respostas, enquanto o professor corrige os equívocos;
  4. se a mídia for um vídeo, é interessante que o professor fale durante a exibição, chamando a atenção do aluno para aqueles pontos-chave que precisam ser observados.  
Bem, é isso.
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE

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