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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Newsletter no. 05/2011: Palhaçoterapia

"Vinde, vinde
moços e velhos
vinde todos, apreciar

Como isso é bom
como isso é belo
como isso é bom
é bom demais.
Olhai, olhai
admirai
como isso é bom
é bom demais!"
         (Antônio Nóbrega)


Falar em palhaço era falar em circo. Porém, atualmente, os palhaços estão em vários e infinitos espaços: ruas, teatros, empresas, televisão, cinema e até nos hospitais.

Em 2010, o Projeto Mais (Manifestações de Arte Integradas à Saúde), do Hospital das Clínicas da UFPE, recebeu o prêmio Cultura e Saúde, do Ministério da Cultura, havendo feito mais de 700 apresentações em seus três anos de existência, e tendo como Coordenador da Palhaçoterapia o Prof. Bruno Severo Gomes*. Para esse professor, entre seus vários títulos, ele se orgulha de ter mais outro diploma: o de palhaço.

COMO SE INICIOU SUA EXPERIÊNCIA NESSA ÁREA, PROFESSOR?
Durante a graduação, participei durante dois anos de um curso de teatro, chegando até a me apresentar profissionalmente em uma comédia. Neste período, entrei para um grupo chamado “Amigos da Alegria” no qual vários estudantes da UFPE, utilizando a linguagem do palhaço, começaram a visitar frequentemente as enfermarias e os ambulatórios dos hospitais do Recife, entre eles o Hospital da Restauração, o Barão de Lucena e o IMIP.

DO QUE TRATA A PALHAÇOTERAPIA?
O projeto tem como objetivo levar alegria a pacientes, acompanhantes, pais e profissionais de saúde  de todos os setores e clínicas, através da arte do palhaço, nutrindo essa forma de expressão como meio de enriquecimento da experiência humana.  A arte exerce um poder medicinal de desvendar o homem na sua totalidade - corpo e mente. Espetáculos artísticos aproximam as pessoas de ideais humanísticos, criando um ambiente onde a empatia com o sofrimento alheio é fundamental para o acolhimento dos pacientes e de seus familiares.

EXISTE ALGUMA COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA DOS BENEFÍCIOS DESSA ABORDAGEM?
Várias pesquisas, desenvolvidas em diferentes países e em diferentes épocas, confirmam a influência do bom humor no equilíbrio emocional. Um estudo feito na Universidade Graz, na Áustria, mostrou que o riso ajudou vítimas de derrames a reduzir sua pressão arterial. Os 30 pacientes foram divididos em dois grupos, e apenas um dos grupos foi submetido à 'terapia do riso'. A pressão arterial dos que passaram pela terapia caiu significativamente, comparando-se a do grupo controle. O riso também oferece uma maior oxigenação pulmonar e facilita a saída de gás carbônico. Atua, também, fortalecendo o sistema imune, além de ajudar na memorização.

MAS, POR QUE O RISO NUM HOSPITAL?
O ambiente hospitalar congrega uma ampla variedade de fatores desencadeantes de estresse: os sentimentos de insegurança, angústia e medo em quem busca atendimento; e a carga de responsabilidade, sobrecarga de trabalho e precárias condições oferecidas aos profissionais que atuam na área de saúde. Isso tudo faz desse local um ambiente propício ao desenvolvimento de doenças.

Sabe-se também que os hormônios liberados pelo estresse comprometem a recuperação dos pacientes, por retardarem os processos de cura. Ao contribuirmos para a redução dos níveis de estresse no ambiente hospitalar, atuamos como facilitadores na promoção da saúde e prevenção de doenças.

A presença do palhaço no hospital mostra ser possível e desejável a aproximação de dois domínios: o da arte e o da saúde. Ele cria e recria o jogo o tempo todo, com seu parceiro: o paciente. O palhaço não é apenas um ator que inventa ou interpreta um personagem; o palhaço inventa e encarna ele próprio.

MAS O PALHAÇO TAMBÉM AUXILIA NOS CUIDADOS DIRETOS À SAÚDE DO PACIENTE?
No hospital, o palhaço só deve realizar atos e atividades relacionados com as suas competências artísticas. Ele está presente no hospital para ajudar as crianças, jovens e seus familiares a suportar melhor a hospitalização. Manifesta a sua atividade através do humor e fantasia, transportando-as para o meio hospitalar. O palhaço deve estar sempre consciente de que as suas intervenções devem ser para melhorar o bem estar das crianças, jovens e seus familiares, em estreita colaboração e respeito com toda a equipe de saúde, de acordo com o Código Deontológico de Palhaços de Hospital de 2007.

E EM SALA DE AULA? É POSSÍVEL UTILIZAR A LINGUAGEM DO PALHAÇO?
Rir durante a apresentação de uma aula ou palestra aumenta o interesse e facilita a aprendizagem. Acredito que podemos usar a linguagem do palhaço em várias situações, inclusive no processo ensino-aprendizagem. Porém, na sala de aula e ambientes semelhantes não devemos "atuar", devemos ser reais. Quanto mais natural você for, quanto mais honesto, mais perto você estará do seu palhaço interior.

QUAIS SÃO AS SUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS, PROFESSOR?
Olhe e veja o público; escute-o e compartilhe tudo com ele. Seja ingênuo, porém não infantil. Tenha sempre uma emoção e/ou uma intenção. Não ilustre as emoções; expresse-as com seu olhar, com seu corpo. Reconheça seus fracassos e aproveite seus êxitos. Não busque o riso, encontre-o.
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* O Prof. Dr. Bruno Severo Gomes é mestre em Micologia Médica e doutor em Microbiologia, ligado ao Departamento de Micologia do Centro de Ciências Biológicas no Campus Recife. Atualmente, também é Vice-Coordenador da Licenciatura em Ciências Biológicas nesse Centro

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