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TAE Cristina Florêncio

Coordenadoria do Ensino de Ciências do Nordeste - CECINE

UFPE





sábado, 1 de outubro de 2011

Newsletter no. 20/2011: Preconceito digital


Preconceito muito reiterado pela mídia é a ideia de que todo adulto não sabe ou tem dificuldade de utilizar as tecnologias digitais. Numa busca rápida na Internet, as imagens que encontramos de adultos com o computador são sempre estereotipadas, principalmente as de idosos.  

Há também “especialistas” afirmando uma competência quase genética da geração Y no domínio das novas tecnologias. Porém, entre um adolescente e um adulto analfabetos digitais, o primeiro sempre será mais habilidoso nessa apropriação? Essa teoria resistiria a uma análise mais rigorosa? E qual a repercussão disso no ensino-aprendizagem?

Ora, a “maior habilidade” do jovem está no seu maior contato com a Internet e assemelhados, enquanto que o adulto tem que dividir seu tempo, diariamente, com múltiplos problemas que disputam sua atenção, além de não ter nascido na era digital. Mas, aquela afirmação repetida incute a ideia de “superioridade” da geração Y na cabeça das pessoas, fazendo com que uma parte dos jovens não acredite, se choque, ridicularize e até se revolte quando um adulto demonstra conhecimento ou interesse nessas mídias. E nós, para “não contrariarmos a expectativa”, tendemos a aceitar essa discriminação.

Um exemplo pessoal? Sempre me interessei por soluções que melhorassem a qualidade do ensino. E a habilidade de desenvolver os próprios softwares facilita o trabalho do professor, dando-lhe maior independência na construção de seu material. Pensando assim, e já conhecendo alguma coisa de HTML, agendei aula demonstrativa gratuita sobre mais uma linguagem de programação num curso tradicional da cidade.

Chegou o dia. Laboratório cheio de maioria jovem: uns enviados pela empresa, gente obrigada pelos pais, outros interessados em vídeo games etc. Os minutos antecedentes à fala do instrutor nos deixavam tão egoisticamente ansiosos que nem olhávamos para trás.

De repente, alguém da geração Y ousou um reconhecimento dos seus pares. Sorriso largo à medida que sua visão panorâmica percorria, lentamente, o terreno atrás de si. Até que essa visão captou minha imagem em primeiro plano, na terceira fila de computadores. Seu semblante alterou-se antonimamente. Nenhum áudio incidental se ouviu, porém, em segundos, interpretei nessa cena os sinais de reprovação em seus olhos: minha presença era uma verdadeira profanação àquele solo sagrado, santuário da informática. 
Alguma dúvida?
Bom final de semana e bom descanso.
Cristina Florêncio
TAE do CCB - UFPE

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